Impressões — 30/04/2016

sábado, 30 de abril de 2016

Fábula

Providência – Tinha um templo na Ilha de Delos. Acha-se representada na figura de uma mulher adiantada em anos e venerável, com o corno da abundância em uma mão e os olhos pregados em um globo contra o qual dirige uma vara que tem na outra mão. Os romanos fizeram também dela uma divindade.

(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré - com argumentos tirados da história poética - Ed. Garnier- Paris)

Linha do Tempo

Ninguém pode chegar ao topo armado apenas de talento. Deus dá o talento; o trabalho transforma o talento em gênio.

Ana Pavlova

É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.

Simone de Beauvoir

Dia do Trabalho. E os direitos?

No dia internacional do trabalho, celebram-se as lutas operárias em defesa da redução da jornada de trabalho. Lembrar do 1º de maio serve para que não se esqueça o ocorrido neste dia em 1886 em Chicago nos Estados Unidos. Nestas manifestações, precisamente durante o confronto com a polícia local, ocorreram mortes quando uma bomba explodiu.

Por considerar os organizadores das passeatas os responsáveis pelas mortes, os dirigentes sindicais foram condenados pela Justiça à morte na forca. É esse o grosso resumo dos fatos que explicam historicamente o 1º de maio, justificando o epíteto de “os mártires de maio”.

Falar hoje em dia do trabalho pouco remete a luta pela redução da jornada de trabalho e as demais lutas dos trabalhadores. Comemorar o 1º de maio tende a significar somente a exaltação de toda a pessoa que trabalha, que pode ser tanto um empregador que administra sua empresa, um trabalhador autônomo, ou um empregado.

Trabalho infantil

Dados do Relatório Mundial sobre Trabalho Infantil 2015, elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), apontam que 168 milhões de crianças realizam trabalho infantil no mundo. Entre elas, 120 milhões tem idades entre 5 e 14 anos e cerca de cinco milhões vivem em condições análogas à escravidão.

O relatório foi preparado para o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, celebrado dia 12 de junho. Segundo a organização, entre 20% e 30% das crianças em países de baixa renda abandonam a escola e entram no mercado de trabalho até os 15 anos.

No Brasil, 14,4% dos adolescentes entre 15 e 17 anos realizam trabalhos perigosos. Se considerarmos o que essa porcentagem representa entre os jovens empregados, o índice sobe para quase 60%, com a maioria deles em trabalhos na agricultura e indústria, de acordo com a OIT.

Trabalho infantil no Brasil

Entre abril de 2014 e abril de 2015, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizou 9.838 operações fiscais para apurar denúncias de trabalho infantil no Brasil. As ações dos auditores fiscais do trabalho das superintendências regionais retiraram desta condição 5.688 crianças e adolescentes.

Segundo dados do Sistema de Informações sobre Focos de Trabalho Infantil, Pernambuco foi o estado com o maior número de resgates de crianças e adolescentes, com 1.076; seguido de Minas Gerais com 571 casos; Mato Grosso do Sul, com 484; Goiás com 440 e Sergipe com 353 casos.

Desemprego no Brasil

O Brasil teve a maior perda de vagas formais para os meses de março em 25 anos, segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. No mês, o país fechou 118.776 postos de trabalho com carteira assinada.

Nos últimos 12 meses, já foram suprimidas 1.853.076  vagas formais. Os números levam em conta a diferença entre demissões e contratações. Quase todos os setores da economia demitiram mais do que contrataram. A exceção foi a administração pública, com 4,3 mil vagas a mais no mês.

O comércio e a indústria de transformação fecharam o maior número de vagas, respectivamente, 41.978 e 24.856. Em terceiro lugar, vem a construção civil, com supressão de 24.184 vagas.

Os estados que mais fecharam postos de trabalho em fevereiro foram São Paulo (-32.616 vagas), Rio de Janeiro (-13.741) e Pernambuco (-11.383). Apenas quatro estados contrataram mais que demitiram: Rio Grande do Sul (4.803 vagas criadas), Goiás (3.331), Roraima (220) e Mato Grosso do Sul (187 postos criados).

Divulgado desde 1992, o Caged registra as contratações e as demissões em empregos com carteira assinada com base em declarações enviadas pelos empregadores ao Ministério do Trabalho.

Desemprego na Região Serrana

O balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra a situação do emprego formal em todo o Brasil. Na Região Serrana do Rio, o mês de março foi de saldo negativo na relação entre vagas abertas e fechadas.

Em Nova Friburgo, 25 pessoas foram demitidas. Em fevereiro, foram registradas 365 demissões, e o balanço de 2016 é de 425 vagas negativas na cidade até o momento. 

Em Petrópolis, foram fechadas 389 vagas de emprego no mês de março. No entanto, os meses de janeiro e fevereiro foram de abertura de vagas, e o saldo de 2016 é negativo em 195 vagas até o momento.

Teresópolis fechou 81 vagas em março, e o saldo anual ficou positivo em 94 até a divulgação deste balanço.

Desemprego no estado do Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro, foram demitidos 13.741 trabalhadores em março de 2016. Entre janeiro de março, o saldo acumula baixa de 63.719 vagas.

Perguntas de um trabalhador que lê

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis:
Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída
Quem a reconstruiu tantas vezes?

Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo:
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os césares?

A decantada bizâncio

tinha somente palácios para os seus habitantes?

Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam
gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou?

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?

César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?

Filipe da Espanha chorou,
quando sua armada naufragou.
Ninguém mais chorou?

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?

A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.

Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) 

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    Operários, Tarsila do Amaral

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