Mais amor, por favor

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Eu posso pensar em qualquer assunto, posso buscar notícia boa, posso querer contar piada até, mas não adianta: Eu só consigo pensar no maior clichê do planeta: o amor. Os tempos líquidos e digitais nos prestaram um desserviço entre meio a tantas novidades e facilidades: o desnudamento do ódio. Não há mais disfarce ou fantasia, o ódio agora é nu, amplo e irrestrito. Nas redes sociais virtuais e presenciais, ou seja, tanto nos aplicativos quanto nas ruas. E ninguém tem pudor de suas raivas, de seus desejos assombrosos e mesquinhos, de suas maldades e línguas ferinas, de seus ódios de morte.

Há um certo orgulho até. Eu chamaria de hater pride. O ápice simbólico desse ódio generalizado foi, na comemoração da prisão do Lula, o dono de um bordel de luxo em São Paulo: o sujeito tirou a roupa de uma de suas prostitutas, tapando-lhe o rosto, e exibindo-a ao público ali presente como o troféu de seu ódio regozijado. Não sou moralista não, mas confesso que aquela cena me impressionou tanto que custei a dormir depois de ver a foto e o vídeo da festa comemorativa regada a cerveja e ódio. Tive pena de todos nós. A que ponto chegamos?

Não há receita miraculosa para virar esse jogo e neutralizar tanto desamor de todo o lado. O antídoto universal, por mais antigo que parece, é dar, espalhar, receber e insistir no amor. É só o amor, é só o amor que conhece o que é verdade. O amor é bom, não quer o mal. Amor nos mínimos atos, na escolha das palavras e gestos. Amor no trabalho, amor em casa. Amor na internet e fora dela. Empatia é a mais luxuosa e elegante forma de amar, já que nos colocamos no lugar de um outro que sequer conhecemos muitas vezes. Não temos intimidade e nem sabemos o nome, mas conseguimos, com amor, entender a sua dor.

Bora amar. Bora zerar o ódio.Parece algo utópico e sonhador mas é possível. 

Comecemos agora. Comecemos já. Onde alguém xingar, zoar ou fizer bullying, fale algo legal, positivo e afetuoso: vai funcionar. Lembrem-se de que na internet, a palavra amor tem 70 vezes mais resultados que a palavra ódio. E isso tem que ser a nosso favor.

Mais e mais amor, por favor.

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Bia WIlcox

Bia Wilcox

Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7

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