Rio 2016: voluntário com mandado de prisão expedido

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Fim do mistério 

Os 2.500 brasileiros e estrangeiros que haviam recebido retorno positivo sobre as inscrições para trabalhar como voluntários nos Jogos -  e que até semana passada estavam desesperados sem mais respostas - foram informados esta semana que estão fora. São diversos motivos alegados pelo comitê: perfil que não condiz com a vaga, ausência de documentação e, entre os candidatos, teve até quem estava com mandado de prisão expedido pela Justiça se candidatando para trabalhar.

Medo de terrorismo

Com esses casos inusitados, a segurança para entrar no departamento dos voluntários foi reforçada e os 50 mil profissionais escalados estão passando por checagens na Polícia Federal, da Interpol, da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça e da Abin. Um carioca de Laranjeiras desistiu de participar depois que iniciaram a devassa: “é muita pressão”, disse. A coluna consultou a secretaria sobre a desistência e obteve a resposta “quem não deve não teme”. Faz sentido, ou não...

Lobos solitários

A preocupação, segundo uma fonte da Secretaria de Segurança Pública, é com ação de lobos solitários, ou seja, radicais que podem agir sozinhos em espaços de grande aglomeração. Depois do massacre numa boate gay em Orlando, setores dos movimentos LGBTs da cidade passaram a cobrar mais segurança também nesses pontos, como a Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, que já se prepara para receber milhares destes turistas durante os Jogos. O Estado concordou.

Real motivo

Toda essa preocupação tem como motivo real um episódio recente que anda tirando o sono de alguns oficiais: a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou que terroristas do Estado Islâmico criaram um grupo para trocar mensagens em português, através de um aplicativo de celular. Chamado de Nashir Português, o nome do grupo é o mesmo utilizado em outro canal na rede criado pelos extremistas há cerca de 15 dias, com o objetivo de recrutar cariocas e qualquer brasileiro pela causa jihadista. De acordo com a Abin, eles têm usado o aplicativo Telegram.

Real situação

A verdade é que a situação do caixa no Estado não consegue mais manter o padrão de segurança necessário aos grandes eventos. A segurança estadual do Rio começou o ano devendo quase R$ 1 bilhão. Dos R$ 10,2 bilhões para 2015, a pasta empenhou em despesas liquidadas R$ 9,8 bilhões, mas pagou R$ 8,9 bilhões devendo o restante.

PM tem a maior dívida

Só a PM deve R$ 356,9 milhões. Em segundo lugar vem a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), com R$ 193,5 milhões, e da Polícia Civil, com R$ 114,7 milhões. Atualmente, para manter o sistema de segurança planejado e implantado da maneira como está, o setor custa aos cofres R$ 940 milhões por mês além das vidas perdidas.

Essa força

A falta de apoio que a polícia também enfrenta na sociedade deixou uma cicatriz exposta nesta segunda-feira entre a Civil e a indústria hoteleira. Delegados Civis e inspetores que viraram o mês sem a outra metade do salário, e sem previsão para recebimento realizaram uma manifestação na primeira manhã desta semana. O presidente da Associação Brasileira da Indústrias de Hotéis, Alfredo Lopes, chamou os policiais civis de irresponsáveis e que a ação inconsequente vai gerar mídia negativa para os turistas que pretendem vir do exterior. A Civil retrucou e disse que a “mídia negativa” sobre o Brasil já tem força própria.

No mais...

O prefeito do Rio Eduardo Paes recebeu alta do hospital Samaritano, em Botafogo, na manhã desta terça-feira. Os boatos correram depois que espalhou a notícia de que ele havia sido internado pelo urologista Paulo Martins para uma operação. Os boatos correram pra bem e para o mal e, no final de tudo, foi divulgado que Paes retirou um cálculo renal na segunda-feira.

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Alessandro Lo-Bianco

A Voz do Rio

Pai da Valentina, Alessandro foi repórter da Band News, revistas da Editora Abril, Jornal O Dia, Portal IG e Último Segundo. Atualmente é repórter do Jornal O Globo e ventila aqui na serra, todas as segundas-feiras, um pouquinho da maresia carioca.

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