Nossa carne e a carne de Cristo

terça-feira, 13 de junho de 2017

Caros amigos, um dos mais tradicionais hinos eucarísticos da tradição da Igreja começa assim: “Ave, verdadeiro corpo, nascido da Virgem Maria e que verdadeiramente padeceu pelos seres humanos”. Este verso quer expressar a realidade da presença de Jesus Cristo na Eucaristia. De fato, o mesmo que padeceu na Cruz, atualiza sua entrega em todas as Santas Missas, não sofrendo-a novamente, mas comunicando suas graças às almas fiéis e unindo-as pelo Sacramento do Altar.

São Paulo testemunha: “Eu vos falo como a pessoas esclarecidas. Ponderai vós mesmos o que eu digo: o cálice da bênção, que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão”. (1Cor 10, 15-17)

E para os que comungam o Corpo do Senhor Jesus surge um compromisso imediato: “O amor de Cristo nos impele, considerando que um só morreu por todos e, portanto, todos morreram. De fato, Cristo morreu por todos, para que os que vivem já não vivam para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. (2Cor 5, 14-15)

Sem dúvida, a carne de Cristo, recebida no ventre da Virgem Maria, foi entregue para nossa salvação. Podemos dizer que já não pertence somente a Jesus, pois Ele a ofertou para nós entregando-a “nas mãos dos homens” na sua Paixão (Cfr. Lc 9, 22), e também agora, para que a amássemos em seu Corpo Místico que é a Igreja (Cfr. Cl 1, 24); cuidássemos dela no corpo dos menores de nossos irmãos (Cfr. Mt 25, 31ss) e nos alimentássemos dela na Eucaristia (Cfr. Jo 5, 51ss).

Daí decorrem pelo menos três serviços essenciais à vida cristã: o eclesiástico, que existe para viver o Evangelho e evangelizar; a caridade, sobretudo para com os menores de nossos irmãos; e o litúrgico, “pelo qual se opera o fruto da nossa salvação” (SC 2). E todos decorrentes do grande e laborioso serviço de Cristo na Cruz da nossa salvação.

É importante, portanto, que a Eucaristia transborde sua luz em todos os nossos atos, desde a piedade eucarística, passando pela caridade fraterna, até o exigente serviço às pastorais da Igreja, onde concretamente nos comprometemos com a obra de Deus, por amor a Ele e aos irmãos. Deste modo, manifestaremos ao mundo uma verdadeira existência eucarística. Pois disse Jesus: “Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele”. (Jo 6, 55-56)

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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